domingo, 28 de dezembro de 2025

Antagonismo

como em cada pequeno maço de energia

flui em mim a onda de tristeza e alegria

o encontro seco e inebriante de luz e sombra

o evitável caos do inevitável encontro me ronda


nao sei mais nada, mas com invejável clareza

nao quero mais nada, apenas tudo que sonho

uma dor me consome que não tem nome

salto no escuro e busco as asas no caminho


sozinho, sento aqui e penso

o que é a verdade, o que é a felicidade

talvez a arte contenha as respostas que não tem perguntas

mas é na reciprocidade que sinto ser a minha cidade


devo eu buscá-la? ou apenas aguardar a chegada de godot?

preencher os vazios que são a grande regra constante desse universo

sou grato pelas agulhas pontudas que me tocam a alma

quero sentir tudo e me embriagar de lucidez e sobriedade


um último mergulho, ali no sossego

esculpir a vênus de mim elucubrada

tal qual a tatuagem, depois de apagada

o lago puro, insípido e inabitado


Viva a coragem de nada ser

A vontade de se esconder

o desejo de voar

a fé no absurdo invisível e obscuro

Apenas, e há penas, isso.


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