sábado, 7 de maio de 2022

Humano




O que é um humano?

Uma máquina de sangue e fúria em busca de prazer e ópio?

se todos somos humanos, todos sentimos dor, prazer, medo e fome...?

O humano em cada um de nós não é o mesmo de nós em cada humano

O reflexo, ainda q tenha natureza do gêmeo perfeito, univitelino, não captura a humanidade

E quando de fato capturamos à humanidade, podemos nos afogar em suas grandezas e virtudes

chorar a dor que não é nossa, mas que é... que dói... no outro e em nós...

E mais profundamente corta e machuca por sentirmos apenas sentimentalmente, alma adentro.

E mais acalenta e impregna por se refletir em nós, em cada medo, em cada passo em falso.

Eu sou o horror e o êxtase de tudo e todos que conheci, admirei, odiei, judiei e adorei.

A natureza mesma da vida é o sofrimento e a morte, sim a morte, apenas ela garante algo, tudo mais é nada.

A vontade mesma, o desejo de cintilar nessas palavras a miséria e o pudor de sermos apenas mais alguns... sermos o nada que vive a sofrer e acreditar que um dia irá cessar..

 e no breve suspiro justificar toda a raiz essencial do edifício que fazemos de nós mesmos, toda busca que precisa não ter fim, e ver no outro por vezes amor, por vezes temor, e se exaltar nas conexões que nos corroem os ossos e nos incendeiam as veias pulsantes e tremem o peito.

Quantos pessoas, drummonds, quantas cecilias e clarices, qtos presidiários sucumbindo de paranóia estão a parir o amor e a dor em versos e palavras, e lavam com sangue a maldade humana, purificam a mais pútrida soberania que mata tritura não só os ossos, os olhos e cabelos, mas a própria alma indefesa.

Não!! Eu não abrirei mão da minha alma, da minha espada e da minha pena, sim ... lutarei até o fim, contra a tirania, contra a melancolia e o nihilismo, e se tiver que abraçar o mais absurdo dos raciocínios que assim seja, aceito tal destino, dentro de mim erguer o mais sagrado santuário

Louvar a mão, a lágrima, a gota vermelha, a íris dilatada, e em nome da sinfonia e da aquarela de sabores e sentidos que nos servem de instrumentos guiar o meu ser até o olimpo da esperança.

Pois ainda que jamais nada exista, é em mim que a existência se realiza, e é por todos que são meus pais e vieram antes de mim que aqui cravo meu grito, minha maldição. 

E por todos que vierem depois de mim, que possam saber, não por mim, mas pela reflexão que lhes causar, o que foi e o que pode ser... ser humano.






Fluido Flutuante




Viver de temer ou  sacar e despertar 

Por mais poderoso, assustador e paralisante que seja, o medo não é onipotente

Seus inimigos mais estridentes, o amor e a esperança, estão sempre ao alcance

O mais difícil no entanto, o mais absurdo, é acolher a própria responsabilidade

aceitar que a própria consciência é o medo, ele só existe dentro dela.


Verdade que essa névoa pessoal e intransferível coexiste com a própria consciência

Alguém escolhe ter medo? Mas ele está dentro!! Seria uma força malévola pessoal irresistível?

A semente de um pecado original, uma obscuridade inata e biológica, com fim único de garantir o sucesso?

Quais os nossos medos mais dominantes? Dor? Vergonha? Não ganhar? Perder? Dever?

Qualquer destino fatídico invariavelmente é menos agudo que o que se pensa sobre.

Todavia, ser abraçado pelo medo ainda carrega o aconchego gelado, melhor o demônio familiar que o total desconhecido.

A única saída é a abrir a porta, mas só se consegue de dentro p fora.

O consolo demanda treino, demanda força, exige coragem e reforço

Daí a estratégia de achar poder fora para reforçar por dentro

Descobrir a própria teologia e antropologia e incendiar a magia

Você não está sozinha, deixe a energia te achar, conhece-te a ti mesmo, 

e com muita força e poder dome essa besta interior.

Eu sou o capitão da minha alma e senhor do meu destino.