tudo teu é assim, tão e tanto
me puxa, me prende, desperta-me voraz.
Me faz querer-te, um desejo árduo, ardido.
Tenho certeza que já te conhecia,
sempre te esperei, é a verdade
desejar-te a priori me fez ainda mais vulnerável.
Por que querer tanto? por que sentir tão forte?
quero-te em cada gesto, quero ir fundo, profundamente...
não quero só a casca, o contorno, o pejo.
Quero deliciar-te, lambuzar-me e exaurir-te, à doce flor.
Venerar-te aos suspiros, prover-te a braçadas,
ir ao máximo, ao egrégio limite, e, por que não,
ir mais e mais...e além.
Quero-te tanto, até, após e também... louco assim.
Quem não vibra e treme, quando de amores geme e de glórias chora?
Aceita meu amor não declarado, pois ainda que tarde a ousadia,
o covarde é também um bravo, ele ama, vive, e sente, e sofre...
Tudo é dobrado.
Por que só nas tuas curvas perco o senso?
Por que te vejo a todo gesto, todo passo, todo rumo?
Se eu tivesse mais um segundo, roubaria a lua inteira para ti,
Um mundo inteirinho, por um gesto teu.
Esses teus olhos, tão acesos, me prendem em gaiola dourada.
Quero verter-te o leite e o mel, em lampejos suaves, vagarosos, audaciosamente sutis.
Suprir-te às delícias, as vontades,e em doces frêmitos sentir a pele febril.
Envolver sua lira em danúbios de veludo,
tocar a nota quente, forte, cintilante,
e ao longo desse instante
ser seu e ser-te minha, eternamente.
És a musa de meus desejos escarlates
eis me aqui em peito e carne e verso.
A covardia que me arrasta é a coragem que ora desperto.
Porque a mim, és musa duradoura, enfim, ainda que passes...
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