O que é um humano?
Uma máquina de sangue e fúria em busca de prazer e ópio?
se todos somos humanos, todos sentimos dor, prazer, medo e fome...?
O humano em cada um de nós não é o mesmo de nós em cada humano
O reflexo, ainda q tenha natureza do gêmeo perfeito, univitelino, não captura a humanidade
E quando de fato capturamos à humanidade, podemos nos afogar em suas grandezas e virtudes
chorar a dor que não é nossa, mas que é... que dói... no outro e em nós...
E mais profundamente corta e machuca por sentirmos apenas sentimentalmente, alma adentro.
E mais acalenta e impregna por se refletir em nós, em cada medo, em cada passo em falso.
Eu sou o horror e o êxtase de tudo e todos que conheci, admirei, odiei, judiei e adorei.
A natureza mesma da vida é o sofrimento e a morte, sim a morte, apenas ela garante algo, tudo mais é nada.
A vontade mesma, o desejo de cintilar nessas palavras a miséria e o pudor de sermos apenas mais alguns... sermos o nada que vive a sofrer e acreditar que um dia irá cessar..
e no breve suspiro justificar toda a raiz essencial do edifício que fazemos de nós mesmos, toda busca que precisa não ter fim, e ver no outro por vezes amor, por vezes temor, e se exaltar nas conexões que nos corroem os ossos e nos incendeiam as veias pulsantes e tremem o peito.
Quantos pessoas, drummonds, quantas cecilias e clarices, qtos presidiários sucumbindo de paranóia estão a parir o amor e a dor em versos e palavras, e lavam com sangue a maldade humana, purificam a mais pútrida soberania que mata tritura não só os ossos, os olhos e cabelos, mas a própria alma indefesa.
Não!! Eu não abrirei mão da minha alma, da minha espada e da minha pena, sim ... lutarei até o fim, contra a tirania, contra a melancolia e o nihilismo, e se tiver que abraçar o mais absurdo dos raciocínios que assim seja, aceito tal destino, dentro de mim erguer o mais sagrado santuário
Louvar a mão, a lágrima, a gota vermelha, a íris dilatada, e em nome da sinfonia e da aquarela de sabores e sentidos que nos servem de instrumentos guiar o meu ser até o olimpo da esperança.
Pois ainda que jamais nada exista, é em mim que a existência se realiza, e é por todos que são meus pais e vieram antes de mim que aqui cravo meu grito, minha maldição.
E por todos que vierem depois de mim, que possam saber, não por mim, mas pela reflexão que lhes causar, o que foi e o que pode ser... ser humano.